Raymond Roger Gérard Gagnon

Biografia cedida à Academia Perimiriense pelo Prof. Carlos Antonio de Almeida (todos os direitos autorais a ele reservados).

Patrono da Cadeira nº 29 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), Raymond Roger Gérard Gagnon, Padre Gérard Gagnon, filho de Henri Gagnon e de Eva Thibeault, nasceu no dia 26 de novembro de 1928, em Wotton, Província de Québec/Canadá, e, faleceu no dia 23 de fevereiro de 1992, no Instituto do Coração, em São Paulo. Seu corpo encontra-se sepultado na Igreja de São Sebastião, em Peri-Mirim/MA, onde sempre desejou ficar. O funeral foi dirigido pelo Bispo da Diocese de Pinheiro, Dom Ricardo Pedro Paglia, além de contar com a presença de vários padres canadenses de outras Dioceses do Canadá, e também de outras paróquias e da grande multidão perimiriense.

Padre Gérard chegou ao Brasil, vindo do Canadá, no dia 13 de agosto de 1962, e, já no dia 15 de agosto deste mesmo ano chegou em Peri-Mirim. Ainda, em 1962, foi nomeado Padre Superior da Missão de Sherbrooke no Brasil. Em Peri-Mirim, inicialmente, foi Vigário Coadjutor onde permaneceu até janeiro de 1968, quando foi nomeado Vigário da Paróquia de São Sebastião, até janeiro de 1988, quando, por problemas de saúde pediu seu afastamento, uma vez que a doença o enfraquecia, cada vez mais, desde 1982.

Padre Gérard era graduado em Teologia e Filosofia, além de possuir os cursos de Língua sa, Língua Grega, Língua Portuguesa, Catequese, entre outros, incluindo-se aí, cursos de âmbito social. Ordenou-se padre em 03 de abril de 1954 e celebrou sua primeira Missa no dia 04 de abril de 1954, na Igreja Matriz da cidade de Wotton, local de seu nascimento. Foi professor de Francês, Grego e Capelão dos Escoteiros, no Seminário de St. Charles. No Brasil, foi Superior dos Padres Missionários da Diocese de Sherbrooke, compreendendo as Paróquias de São Luís (bairro do João Paulo), Bequimão e Peri-Mirim.

Serviços prestados em Peri-Mirim
Pode-se dizer, sem nenhuma demagogia, que ele foi uma das pessoas que mais trabalhou para que esta terra fosse o que é hoje. Lutou contra a incompreensão de alguns e enfrentou grandes obstáculos.

1963 – Iniciou o projeto de “forno” para casa de farinha a fim de facilitar o trabalho do lavrador e procurou contratar médico para dar assistência à saúde, que na época, era “zero”.

1964 – Começou a ajudar os estudantes para que fossem para Guimarães/MA, a fim de estudar com as Irmãs Canadenses de Nicolet (foi o primeiro o para Peri-Mirim ter hoje muitos doutores).

1966 – Os padres canadenses organizaram o “Dispensário” – Posto de Saúde/Ambulatório Santa Thereza, recebendo medicação oriunda do Canadá. Neste Posto de Saúde, trabalhava Raimundo Martins Campelo tendo o apoio de uma religiosa canadense que logo foi embora. Os problemas de saúde eram muitos, além de ter um índice elevado de óbitos entre os homens pela esquistossomose (barriga d’água), e, as crianças, muitas morriam de desidratação, seguida pelas verminoses.

Padre Gérard, após decisão com os outros dois padres da Paróquia de Peri-Mirim (Padre Edmond e Padre Bertrand) pediram ajuda ao prefeito José Ribamar França (Bacaba) para pagar uma enfermeira com nível superior para vir trabalhar no município, que após relutar bastante, terminou por concordar. A partir daí, Padre Gérard que se encontrava no Rio de Janeiro, foi até a Universidade do Brasil – Faculdade de Enfermagem Ana Néri e contratou duas enfermeiras: Silvia Alves Barbosa e Ana Lúcia de Almeida, que chegaram para trabalhar em Peri-Mirim no dia 24 de janeiro de 1967.

O ambulatório era mantido exclusivamente com recursos vindos do Canadá, sendo a maior parte destes, oriundos do fundo particular de Padre Gérard, que pagava funcionários, financiava treinamentos para auxiliares de enfermagem, de laboratório e de parteiras leigas. Providenciou vindas de vacinas específicas para crianças e adultos, comprava medicação de rotina para complementar as que vinham do Canadá, além de comprar medicação de urgência e equipamentos básicos para determinadas urgências. É bom ressaltar que o Ambulatório era tão bem equipado e constituído por uma equipe profissional competente, como Dr. Manoel Sebastião, médico e filho da terra, que realizou várias cirurgias, dentre elas: cesarianas, apendicectomia e até miomectomia (retirada de mioma).

Padre Gérard também fez convênio com a Caritas Diocesana e recebia alimentos, como: feijão, arroz, trigo, manteiga, queijo, açúcar, e outros, que eram destinados às famílias cujos chefes trabalhavam como voluntários na abertura e manutenção de estradas e barragens, como as que foram feitas em Santana, Feijoal, Poções, Meão, Minas, entre outras. Construiu pontes com recursos próprios em Pericumã, Meão, Serra, Santana, etc. Também fez convênio com o Governo do Estado e recebia, mensalmente, para o Ambulatório Santa Thereza, leite, açúcar, feijão, arroz e farinha que eram distribuídos para ajudar na alimentação das crianças, gestantes, idosos e doentes crônicos.

Quando a Previdência Social criou o FURURAL – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, Padre Gérard legalizou o Ambulatório Santa Thereza junto aos órgãos competentes, com CNPJ, e assim, mensalmente, recebia uma pequena quantia que ajudava na manutenção do Ambulatório. Porém, após três anos, o Governo Federal suspendeu os recursos porque no País havia sido criado um novo sistema de saúde: era o preparativo para o SUS.

Retrocedendo um pouco no tempo, quando o Governo iniciou a aposentadoria para o trabalhador rural e aos “inválidos”, Padre Gérard foi buscar a lei que amparava, sobretudo os portadores de hanseníase (lepra), já que, naquela época, início dos anos 1970, dentre a população de Peri-Mirim, foram diagnosticadas 33 pessoas com hanseníase, as quais viviam em condições sub-humanas, isoladas em pequenos quartos de tetos bem baixos, chão batido, sem fossa, sem poder sair do quarto, não tocavam em dinheiro e nem podiam se misturar com os outros e, sobretudo, nem na igreja podiam entrar.

Diante dessa situação, Padre Gérard localizou todos e com a ajuda das enfermeiras os levou para aposentá-los. Levava-os para São Bento, em um jeep da Paróquia, entrando com eles pela parte dos fundos da Unidade de Saúde para o médico fazer a perícia e dar o laudo para eles receberem uma pensão mensal. Muitas vezes, alguns chegaram a dormir na Casa Paroquial por morarem em área de difícil o, pois, pela manhã tinham que estar em São Bento, onde, até o médico ajudava a levar os mutilados (sem pés, sem mãos) para o exame. Este foi o o inicial no nosso município para a reintegração dos hansenianos na sociedade, pois, a partir daí, eles saíam mais, entravam no ambulatório (o povo fugia um pouco), já não ficavam fora da igreja principalmente quando batizavam o filho. Foi, sem dúvida, um avanço da equipe de saúde local que trabalhava para mudar e acabar com o estigma, entretanto, a Paróquia foi fundamental, especialmente na pessoa de Padre Gérard, para a transformação e a realidade de hoje. Também foram aposentados outros doentes portadores do mal da barriga d’água, consequência da esquistossomose, que ainda hoje, em menor incidência, acomete à população. Eis algumas pessoas que foram beneficiadas pela aposentadoria, com problemas de hanseníase: João Pindova (Meão), Maria Pindova (irmã de João – Meão), Chico (das Minas), Maria José (Juçaral), Curujinha (Portinho) e muitos outros, em sua maioria do Meão. Também teve um do Poço Dantas (irmão de João), outros do Rio da Prata e também da Sede.

Da mesma forma, levou alguns jovens e adultos para Teresina/Pl, em seu carro próprio, a fim de consultar e operar, quando necessário, com Dr. Mansueto Martins Magalhães, oftalmologista e cirurgião oftalmologista, especialista glaucoma e catarata, pagando hospedagem com alimentação, inclusive para acompanhantes quando havia cirurgia para algumas pessoas. Dentre essas pessoas, citam-se Inácia de Jair, Herbelino Pereira, Aluísio Pereira, dois primos jovens do Centrinho cujos nomes não são lembrados, mas há fotos deles, que fizeram cirurgia e ficaram curados, entre outras pessoas.

Procurou, juntamente com um agrônomo que contratou, introduzir a agricultura rotativa, para evitar as queimadas e mudança de local para as roças, usando um trator da Paróquia para destocar e arar as terras, mas não avançou muito. Também introduziu as hortas comunitárias, com campo experimental em Santana e que foi um sucesso, pois abastecia todas as famílias do local. Todavia, pela falta de estradas para escoamento, não teve continuidade. Portanto, procurou implantar várias fontes de renda para melhorar a vida de todos de Peri-Mirim.

Na Festa da Fraternidade reunia todas as comunidades (27). Era um dia de brincadeiras (cada comunidade apresentava alguma coisa) e também ocorriam orações, abraços, almoço partilhado, procissão, culminando com a Santa Missa que quase sempre contava com a participação do Bispo da Diocese, em algumas ocasiões, pelo Bispo do Canadá, além de vários padres e amigos convidados.

A Casa Paroquial, Salão Paroquial e todo terreno do Ambulatório Santa Thereza, com o fechamento da Diocese de Sharbrooke em Peri-Mirim, ficaram para o Padre Gérard, por decisão e recompensa do Canadá, mas que diferente dos demais padres de outras Paróquias não vendeu nem doou a terceiros, deixando tudo para a Diocese de Pinheiro. Do mesmo modo, durante os anos de permanência dos Padres canadenses em Peri-Mirim, a Paróquia foi mantida exclusivamente com recursos do Canadá, e, no final, com recursos próprios de Padre Gérard.

Padre Gérard fundou as Comunidades Eclesiais de Base, que em princípio eram poucas, mas ele conseguiu elevar para vinte e sete. Abaixo a relação das comunidades. As que têm asteriscos eram visitadas mensalmente, usando sempre os sábados e domingos, fazendo sempre três em cada um desses dias. Durante a semana celebrava a Missa às 6:15 horas (de segunda a sábado). Também pregou e incentivou a devoção a Virgem Maria e incentivou a vocação sacerdotal e religiosa.
Eis a relação das vinte e sete comunidades:
*Sede / *Portinho / Minas / *Jaburu / Sacoanha / Meão / *Santa Maria / *Igarapé-Açu / *Centro dos Câmaras / Canaranas / *São Lourenço / Poções / Feijoal / *Ilha Grande / *Taocal / *Inambu / Ponta de Baixo / *Santana / *Torna — Rio Grande / *Miruíras / *Baiano / *Pericumã / *Conceição / *Poço Dantas / *Rio da Prata / *Tijuca / *Três Marias.

Outros serviços prestados
Fundou e organizou escola para adultos em várias comunidades;
Fundou a Cooperativa, começando pela Comunidade de Santana, e, em 1969, criou a Cooperativa Agro-Pecuária de Peri-Mirim Ltda., com sede própria, onde, atualmente funciona o Sindicato dos Produtores Rurais, (também teve uma filial da Cooperativa em Pericumã – casa do Sr. João Dias);
Comprava redes das rendeiras, coco de babaçu, apenas para ajudar essas pessoas;
Beneficiava arroz para vender mais barato, com máquinas próprias, em sede própria, no prédio onde funcionou a Central da Telma, atualmente, funcionando o Conselho Tutelar;
Comprou búfalos e uma ilha (Ilha das Pedras) mandando cercá-la com mourões e arame (entretanto, tudo que compunha à Cooperativa, foi repartido igualmente com os associados no momento da dissolução da mesma, que aconteceu por causa de sua saúde que não permitia tamanha responsabilidade).
Construção de estradas com participação da comunidade, como: Meão, Centro dos Câmaras, Santana, entre outras;
Construção de pontes no Meão, Pericumã (perto da casa de Sr. Honório), Santana, etc. Construção de barragem no Feijoal e em Santana;
Ambulatório: fundou e equipou com material básico e medicamentos; contratou duas enfermeiras formadas para assumir a parte da saúde;
Colégio Bandeirantes: primeiro ginásio, ou seja, curso secundário de Peri-Mirim, que só foi implantado porque Padre Gérard aceitou ser Diretor, em 1967, já que, naquela época, nenhum professor tinha curso para desempenhar essa função. Portanto, Padre Gérard, de certa maneira, abriu as portas para a educação e para a cultura do município;
Pagou para alguns filhos de Peri-Mirim o curso secundário (alguns até a faculdade), como foi o caso do ex-prefeito João França Pereira.

Eis a relação dos cidadãos de Peri-Mirim que foram para Guimarães/MA ou para São Luís/MA, para estudar na Escola Normal, na Escola da Fé (Guimarães/MA) ou no Seminário São José ou Santo Antonio (São Luís/MA). Todos com bolsa de estudo integral (maioria) ou parcial, pagas por Padre Gérard Gagnon (uma pequena ajuda do Canadá): Itapoã França Santos, Maria Campos Botão, Francisco Viegas Paz, Izidoro Ferreira Nunes, Regina Braga, Raimundo Martins Campelo, Graça de Maria França, Antonio João Pereira, Esdras Serra Maia, Maria das Graças Serra Maia, Vital Boás (catequese), Anastácio Florêncio Corrêa (catequese), José de Jesus Câmara, Miriam Costa Pereira, José Carlos Durans (catequese), João Amorim Pereira, Ednaldo Pereira (catequese), Lilázia Ribeiro, João Garcia Câmara, José João Lopes, Raimundo João Santos , Raimundo Martins dos Santos Filho, Nadir Alves Nunes, Terezinha Botão Melo, Maria de Lourdes Santos, Torquato Leandro Santos (catequese), Francisco Antonio Câmara, Ana Maria Câmara, Rosevelt Silva Ferreira, Maria Botão Melo, Luís Martins, João Garcia Furtado, Waltemar Braga, João França Melo, João França Pereira (até a Faculdade, ex-prefeito), José de Ribamar Silva, Ione Serra Maia, Pedro Alfredo Câmara (catequese), Manoel Lopes (Nhozinho – catequese), Manoel Azevêdo Martins, Pedro Pinheiro Martins (catequese), José Dias Pinheiro (catequese), João Ferreira (catequese), Raul Mendes Filho, Luzinete França Pereira, Cloves Ribeiro Filho, Maria Pinto Pinheiro, Antonio Lima, José Raimundo Pinheiro, Irene Cecília Nunes, José Mariano da Silva (catequese), Raimundo Martins Nunes, Afonso Pereira Lopes (catequese, ex-prefeito), Francisca Maria Câmara e Conceição de Maria Botão.
Observação: outros jovens ou adultos também foram beneficiados com bolsa de estudos mas, infelizmente, não foram relacionados. Também, alguns dos nomes mencionados poderão ter seus nomes incorretos, a quem se pede desculpas.

Semana Escolar: quatro dias por semana, nas férias dos estudantes, custeava despesas para que eles pudessem dar sua colaboração às comunidades com culinária, artesanato, aulas de português e matemática (à noite);

Clube das Mães: incentivou e colaborou na construção de sua sede;
Escola da Fé: curso de preparação para catequistas em Guimarães/MA, para onde enviava representantes de nossa comunidade, sendo custeadas pela Paróquia as despesas de viagem e hospedagem, sem contar a ajuda que dava aos familiares que aqui ficavam, como por exemplo: Anastácio Corrêa, José Silva, José Dias, João Silva Ferreira, entre outros que também participaram.
Legião de Maria: fundou várias capelas para incentivar e cultuar a devoção à Virgem Maria, sua Santa preferida, chegando a fundar em 1967 a Consagração da Paróquia a Ela.
Além disto tudo, sua maior preocupação foi sempre a pessoa humana voltada para Deus. Por isso, manteve sempre as comunidades com Missas regulares, os casamentos para todos, cursos bíblicos, cursos para Batismo, para Crismas e para Casais. Foi padre, “pai” e amigo, pois, sua maior alegria era ver seus paroquianos tementes a Deus e devotos de Maria, deixando como legado para todos nós, que é a oração: “Ó Maria, minha mãe, / Oferecei por mim a Deus Pai, / O Sangue de Jesus.”

Adepto da PAZ, quando havia desunião dentre os membros da comunidade, inicialmente não rezava a Missa, porém, realizava encontros comunitários com os desafetos, em particular, e, no final, rezava a Missa da Reconciliação, com celebração festiva.

Quando ainda era capaz de trabalhar, mas dependia dos amigos para que os sinais de sua doença não aparecessem, muito sofria em ser mal interpretado. Porém, antes de morrer, balbuciando disse que “foi feliz com o povo de sua terra, Peri-Mirim”.
Diagnosticado com o “Mal de Alzheimer” desde 1973, em Belém/PA, corria contra sua perda de memória para trabalhar pela evangelização e pelo bem dos mais pobres. Peri-Mirim tem motivo demais para agradecer a Missão Canadense, em especial a Padre Gérard Gagnon, que com sua visão de um futuro melhor, concedeu a inúmeras pessoas uma formação humana e cristã. Muito do que temos hoje, deve-se à iniciativa e ao esforço deste grande homem e padre. Ao longo de seus vinte e cinco anos à frente da Paróquia São Sebastião deixou a lembrança para muitas famílias que foram abençoadas por meio do batismo, casamentos, missas, comunhão, reflexões, ajuda espiritual, moral, financeira e material. Foram inúmeras as maneiras de ajuda que a população perimiriense recebeu gratuitamente pelas suas simples e humildes mãos, mesmo sentindo diminuírem sua memória e suas forças em virtude da doença que a cada dia só progredia, jamais os abandonou.

Finalmente, aquele que deu tudo, precisava receber tudo (orações) para continuar vivendo até o dia em que faleceu: 23 de fevereiro de 1992, às 19:45 horas, um domingo que poderia ser de alegria, mas terminou triste e saudoso, no Instituto do Coração, em São Paulo. O corpo de Padre Gérard foi trazido para Peri-Mirim e sepultado no dia 25 de fevereiro de 1992, onde sempre desejou ficar: “sua casa” como costumava chamar a Igreja de São Sebastião.

Manoel Sebastião Pinheiro

Por José Ribamar Martins Bordalo

Patrono da Cadeira nº 04 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por José Ribamar Martins Bordalo. Nasceu em Peri-Mirim/MA, em 21 de novembro de 1929, filho de Claudino Paulo Pinheiro e Maria de Fátima Cunha. Teve dois filhos: Alexandre e Georgina. Depois desposou com a Srª Maria José Sales com quem teve dois filhos chamados Felipe Manoel e Catarina.

Em meados dos anos de 1935, com seis anos de idade, o garoto Manoel Sebastião, via em sua terra natal, as mulheres davam à luz, morrerem de trabalho de parto.

Sua vocação de tornar-se médico, advém desta data. Filho de família de classe média, Manoel disse ao pai que iria ser médico como propósito primordial de vida.

Sua trajetória de estudante ou pelo município de São Bento, onde cursou o primeiro grau maior, no Grupo Escolar Mota Júnior, tendo se transferido, ao final do 1.0 grau, para São Luís, estudou no Colégio Liceu Maranhense, onde com muito brilho, colou grau indo atrás de seu propósito na capital da Bahia, Salvador, na Universidade Federal de Medicina da Bahia, onde colou Grau em Medicina em 15 de dezembro de 1962.

Tendo em vista que a ajuda que lhe era dado por seus pais não cobria suas despesas para custear seus estudos, engajou-se no corpo de bombeiros daquela cidade, que foi uma forma de complementar sua bolsa de estudos e concluir o tão sonhado mérito de médico.

Ao formar-se, em dezembro do ano de 1962, fez de imediato especialização em ginecologia obstetrícia e cirurgia geral, dando baixa então, na corporação do Corpo de bombeiro.

Ao voltar para São Luís, fixou residência e ingressou no sistema Público de Saúde do Estado, tendo sido aprovado em concurso público para o quadro de médicos do Instituto Nacional de Seguro Social — INSS e, paralelamente, desempenhou a função de Diretor Geral do Hospital Djalma Marques.

Em Peri-Mirim desempenhou vários papéis de vital relevância, como Secretário de Saúde do Município em 1993, indicado pelo vice-prefeito daquela cidade, o senhor José Ribamar Bordalo, tendo sido também, diretor do Centro Médico Maranhense, e Secretário de Saúde da cidade de Chapadinha.

Chegou a Chapadinha no ano de 1969, por ocasião da inauguração do Hospital Antônio Pontes de Aguiar — HAPA.

Ingressou na política em 1974 ficando na suplência de deputado estadual e assumindo o mandato em 1976. Reelegeu-se deputado em 1978 e ocupou uma cadeira da Assembleia Legislativa até 1982. No mesmo ano, foi agraciado com o Título de Cidadão Chapadinhense pela Câmara Municipal.

Participou ativamente da vida política sendo candidato a prefeito por duas vezes. Também foi secretário de Saúde em Vargem Grande no início da década de 90.

Doutor Manoel Sebastião Pinheiro dedicou 47 anos de sua vida à saúde do povo de Chapadinha e nos deixa, mas também deixa um legado não só na medicina, com a sua capacidade científica, mas também com seus critérios de humanidade e cristandade, pois mesmo depois desta jornada em chapadinha não esqueceu sua cidade natal, onde ainda elegia uma casa de amigo, para receber seus fieis pacientes.

Faleceu no dia 27 de abril de 2017, aos 87 anos, depois que prestou excelentes serviços prestados às comunidades por onde percorria.

Registre-se neste momento, esta homenagem àquele que deixou um marco muito importante em nossas vidas. Esta é, portanto, uma singela, mas sincera homenagem da Família Bardalo e da ALCAP.

José Carneiro de Freitas

Por Ataniêta Márcia Nunes Martins

Patrono da Cadeira nº 21 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Ataniêta Márcia Nunes Martins. Nasceu em São Luís/MA em 1879. Filho de José Martins Freitas e Rosa Maria Carneiro de Freitas e irmão de Etelina Carneiro de Freitas; casou-se com a são-bentuense Estelíta Reis de Freitas, com esta gerou sete filhos: general Celso Aurélio Reis de Freitas, Luís Reis de Freitas, general Lívio Reis de Freitas, Rosa Reis de Freitas, Jaime Reis de Freitas, Ana Luís Reis de Freitas e Rui Reis de Freitas; cunhado e pai de criação do doutor Carlos Humberto Reis; genro do Coronel Luís Antônio Reis e Ursulina A. Soares Reis.

Residia em São Luís, mudou-se para São Bento em 15 de setembro de 1906, em companhia de sua irmã Etelina Carneiro de Freitas, instalou a firma comercial guarda-livros, que tinha como função fazer registros da contabilidade e das transformações de uma empresa de negócios.

Profissional autônomo, foi correspondente e representante geral no Maranhão da Revista do Comércio e da Industria; publicou o Centro de Comércio e Industria de São Paulo; tesoureiro da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional; coronel da guarda nacional (só recebia esse cargo os mais ricos fazendeiros ou os comerciantes que exerciam em cada município o comando em chefe da guarda nacional); o mesmo tinha controle sobre empregos públicos, nomeações ou demissão das autoridades; amigo do promotor e juiz de Direito em São Bento, deputado, senador, governador do Maranhão e vice-presidente da República que muito contribuiu em sua trajetória política, Urbano Santos da Costa Araújo.

Viveu a Primeira Guerra Mundial, 28/07/1914 a 11/11/1918; sob Presidência da República de Venceslau Brás; em 06/10/1915 a Sociedade Literária Dom Luís de Brito, de São Bento, realizou na praça municipal uma sessão solene em sua homenagem devido a acertada escolha feita pelo governador do nome Carneiro de Freitas para a chapa ao Congresso Estadual. Sessão presidida pelo juiz de direito, sendo orador oficial o senhor Joaquim Silvestre Trinta. No manifesto agradeceu a adoção de sua candidatura, unânime, pelo povo são-bentuense (nessa época Peri Mirim e Palmeirândia eram anexadas a São Bento.

Em 10/05/1915 retorna a São Bento juntamente com o governador Herculano Purga e Leôncio Rodrigues e fundaram o Partido Republicano Maranhense. Foi Secretário do Estado ao lado de Domingos Quadrados Barbosa Alvares (secretário do estado). Urbano Santos da Costa Araújo, Coronel Brício de Araújo, Doutor Raul da Cunha Machado, Carlos Reis e outros, foram os propugnadores da elevação da Vila Macapá à categoria de município pela Lei nº 850 de 31 março de 1919. Em homenagem e reconhecimento à sua generosidade, o atual município de Peri Mirim, tornou-se proêmio de uma Unidade Escolar, o antigo Grupo Escolar Carneiro de Freitas. Teve seu nome em uma das ruas do centro e ainda em São Bento é homenageado pela contribuição e grande avanço do município com o nome Carneiro de Freitas em uma de suas principais ruas, onde fica situada os principais órgãos do centro da cidade.

Em 30/10/1915 foi eleito Deputado Estadual exercendo o cargo em 1916, com (11.563) votos em vigésimo segundo lugar, sendo o quarto candidato mais votado no Maranhão com 143 dígitos, e ocupou a primeira secretaria da mesa diretora. Após assumir como deputado em 1916 mudou-se para São Luís. Em 16/04/1918 assumiu a Secretaria da Fazenda no governo de Urbano Santos da Costa Araújo, representando o Maranhão no Congresso de Geografia em Belo Horizonte. Patrono da Cadeira nº 01 da Academia São-bentuense, conforme conta no livro apontamentos para a literatura de São Bento página 182 do autor Álvaro Urubatan Melo, Academia São-Bentuense 2012.

Projetos apresentados:

  • Como projeto (12) apresentou, para o alargamento e o aprofundamento da Vila Canduru, no qual falava da benignidade do clima, da hospitalidade, da fertilidade do solo, município invejável por tamanho fartura. E por dificuldade e falta de um porto não são aproveitadas e é desconhecido seu grande valor. Projeto autorizado pelo presidente Venceslau Brás, que concede a contratar uma das companhias de navegação do estado, para fazer doze viagens por ano para São Bento, sendo uma viagem por mês nas chamadas marés de lua cheia ou lua nova, devido ao respectivo vapor permanecer vinte e quatro horas no ancoradouro;
  • Solicitação da mudança na maneira como era feita a escritura da pagadoria do estado em razão das partidas obras, não deixava tudo esclarecido em 17/02/1916;
  • Tornando obrigatório o armazenamento de todo o algodão entrado no estado;
  • Criou sessão de registros civil, nascimento e óbito em diversas povoações do estado;
  • Para comprar e construir armazéns para o estado;
  • Criação de função de fiel na pagadoria do estado. Posicionou-se contrário o projeto que mandava contar em dobro o tempo de serviço de Godofredo Viana que era funcionário público e professor na Escola Modelo (direitos iguais).

Discurso do Deputado Estadual José Carneiro de Freitas no Congresso Legislativo – sessão 01/03/1916 ao apresentar Projeto nº 12, para o alargamento e o aprofundamento da Vala Canduru.

O Sanatório Maranhense

Senhor presidente, existe um município neste Estado, que pela benignidade do seu clima, pela fertilidade do seu solo, pela hospitalidade dos seus habilitantes, pela abundância de seus produtos, pela existência de alguns destes, que renome invejável conquistaram, pelo dote grandioso com a natureza pródigo não se fartou cumulá-lo, cercando de várzeas ubérrimas e fertilíssimas que a mão ignorante do indígena e o braço forte do capitalista desconhece o valor, porque senão o arroteamento intensivo do seu lado, já as teriam transformado em extenso arrozais, imitação que faz a Califórnia em terrenos de estrutura idêntica ou pelo menos o seu aproveitamento para o campos de pastagens, já se teriam modificado para melhor, se a tudo isso de bom e de grande. Todos estes predicados e ótimas qualidades, de uma dificuldade imensa não superassem e fizessem recuar todo o progresso tentando, um obstáculo inável que precisa ser arredado o qual é a falta de um porto em que todas as marés pudessem ser aproveitadas, pelo menos por pequenas embarcações a vela para ali navegarem.

Faleceu em 18 de junho 1924 aos 45 anos.

Naisa Ferreira Amorim

Por Maria Isabel Martins Veloso

Patrona da Cadeira nº 01 e da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), denominada Casa de Naisa. A Cadeira nº 01 é ocupada por Maria Isabel Martins Veloso. Nasceu em Peri-Mirim-MA, em 15 de setembro de 1914 e faleceu em São Luis-MA em 29 de dezembro de 2007, aos 93 anos.

Foi casada com Antônio Lopes Amorim (Totó) e desse matrimônio tiveram quatro filhos: Walter William Ferreira Amorim (advogado); Ruy Renato Ferreira Amorim (faleceu aos 18 anos); Cléber Nilson Ferreira Amorim (pintor) e Douglas Ayrton Ferreira Amorim (Juiz de Direito) radicado em São Luís. Seus dois filhos formados em Direito cursaram a Faculdade Gama Filho e Universidade Federal Fluminense no Rio de Janeiro, onde a mesma foi morar no início dos anos 70, residindo na Rua Andrade Pertence no Catete, junto com ela e seu outro filho, Cléber Amorim.

Dona Naísa iniciou seus estudos em Peri-Mirim e concluiu em São Luís-MA, onde formou-se professora normalista, retornando para lecionar no Feijoal e em Peri-Mirim nos anos de 1937 e 1938.

Foi vice-prefeita de Peri-Mirim na primeira gestão do Prefeito Agripino Álvares Marques em 1946. Em 1952 elegeu-se Prefeita, tendo como vice o Sr. Agripino Marques conforme um contrato entre ambos, para, caso ela se elegesse devolveria o cargo a ele em troca de uma nomeação de professora para o Grupo Escolar Carneiro de Freitas, criado em 1951, pois anos antes, em 1951, por motivos pessoais, ela se viu obrigada a abandonar sua cadeira de professora. E também porque o Sr. Agripino querendo novamente se reeleger Prefeito, não poderia candidatar-se por força da legislação eleitoral vigente. O acordo vingou, ela se elegeu, assumiu a Prefeitura e seis meses depois, renunciou ao cargo e o Sr. Agripino assumiu a Prefeitura. Depois ele foi a São Luis e conseguiu a nomeação para ela conforme o combinado.

Naisa Amorim exerceu outras atividades em Peri Mirim: foi secretária da Associação Rural do município, cargo que mais tarde foi reado à Maria Isabel Martins Veloso, onde a mesma foi treinada para que pudesse substituí-la, sendo que esta também duas vezes ao ano realizava e fiscalizava as provas de todas as escolas municipais. Foi uma educadora que encarou a educação como uma missão; ensinava os valores necessários e onde afirmava que as mulheres poderiam ocupar cargos públicos. Naísa Amorim desafiou uma cultura em que as mulheres não eram valorizadas tendo superado alguns opositores.

Antes de Naisa Amorim entrar na política, fundou por iniciativa própria um jornalzinho intitulado de inha, escrito à mão, criticando a política, principalmente o Prefeito. Denunciou o atraso que se encontrava a instrução. Para ela, as causas que atrapalhavam os progressos na educação eram a falta de interesse e a negligência, por parte do governo da época, o descaso das autoridades que não pensavam nos métodos, não elaboravam as leis e tampouco criavam mais escolas, ou seja, não se preocupavam com a educação. Isso chamou a atenção do Sr. Agripino, que a convidou para o seu lado. Os dois formaram uma dupla imbatível onde aliavam coragem, inteligência e competência.

Naisa Amorim foi uma mulher forte e corajosa, à frente do seu tempo e, segundo as pessoas que tiveram a honra de a conhecerem, ela foi mestra, amiga, confidente, modelo de justiça e honradez. Sabia ser simples como uma criança e forte como um baobá. Com a inteligência nata que Deus lhe deu tinha o dom da palavra e quando falava de improviso, era com tamanha eloquência que todos a iravam.

Deus a chamou para a sua morada eterna e hoje lá no céu ela é mais uma Estrela …

Documento de Naisa
Poema para o Dia das Mães – escrito por Naisa
Letra de Naisa

João de Deus Paz Botão

Por Giselia Pinheiro Martins

Patrono da Cadeira nº 20 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Giselia Pinheiro Martins. Nasceu no bairro Diamante em São Luís, no Estado do Maranhão,  no dia 01 de junho de 1923 e faleceu aos 07 de fevereiro de 2018 em Peri-Mirim.

Filho de Alice Paz Botão. Cresceu em uma família de cinco irmãos: Fernando, Maria da Graça, Nelson, Maria e Sousa e ele.  Estudou até o 5.º ano do antigo primário.

Aos 20 anos de idade casou-se com a Senhora Romana Joana Martins Costa, Esta com apenas 14 anos. Ligados pelo amor, tiveram 8 filhos.

Era carpinteiro e trabalhou com o Senhor Manduca na fabricação de caixões.

Artista e poeta nato compôs o hino em homenagem a Peri-Mirim (letra e música); além de outros escritos, compunha toadas de bumba-meu-boi, participou de vários festivais da cultura popular maranhense.

Grande entusiasta e amante da cultura popular maranhense deixou registrado na história de nossa Peri-Mirim, toadas, poesias e poemas que ilustravam o seu amor por esta terra.

Venceslau Pereira

Por Venceslau Pereira Júnior

Patrono da Cadeira nº 19 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Venceslau Pereira Júnior.  Nasceu no povoado Privado, município de Bequimão no dia 28 de setembro de 1945, filho de Olegária Mariana Nogueira Pereira, tendo com avós Roberta Nogueira e Simplício. É segundo filho de uma prole de quatro, tendo como irmãos Maria da Conceição Pereira, Eleotério Bispo Pereira e Alda Agripina Pereira tendo como padrinhos Alexandre Custódio Pereira de Abreu e Francisca Pereira.

Sua primeira alfabetização foi com a senhora Lucimar Abreu Pereira no povoado Geniparana. Cursou O Ensino Fundamental na escola até o terceiro ano sendo seu professor o senhor Clemente Pereira no povoado Privado em Bequimão/Maranhão.

Nos anos de 1965 a 1967 mudou-se para a Casa Paroquial De Bequimão, onde aprendeu o ofício de dentista prático.

No ano de 1970 iniciou os trabalhos de Pastoral em Peri Mirim, onde conheceu D. Mirian,  quem se casou no dia 12 de fevereiro de 1972 na Fazenda Maracujá em uma terça-feira de Carnaval, casamento celebrado pelo  Pe. Gerard Gagnon, desse matrimônio tiveram dois filhos, Venceslau Pereira Junior no dia 10 de março de 1973 E Mercedes Costa Pereira no dia 17 de fevereiro de 1975.

No ano de 1975 organizou uma brincadeira carnavalesca. Era lavrador e tornou-se dentista. Finalizou o segundo grau, Magistério no Colégio Cenecista Agripino Marques com sua diplomação no ano de 1984. Depois tornou-se professor de religião dessa mesma escola.

Foi candidato a vereador por duas ocasiões. Iniciou a criação de abelhas sem ferrão nos anos 80 juntos com o senhor José João Dos Inocentes, Francisco Júlio de Oliveira e outros companheiros

Cultivou abacaxi e acerola, pois acreditava que a acerola por ter maior quantidade de vitamina C deveria ser cultivado por todas as pessoas. Foi fundador do Encontro De Casais Com Cristo – ECC – no mês de novembro de 1995, sendo um dos dez primeiros casais Na Paróquia De São Sebastião.

Organizava anualmente um encontro de seus parentes chamado “Encontro da Família Pereira” para reunir os parentes visto que a família era muito grande e ele achava importante que todos os primos deveriam se conhecer e que os parentes não deveriam se encontrar somente no falecimento de uma parente e sim para confraternização.

Cavou inúmeros açudes e ajudou na construção de barragens em diversas comunidades como: Enseada do Tanque, da Mucura. Foi Fundador Do PT e posteriormente do PDT.

Faleceu no dia de 28 de julho de 2001, de úlcera e leucemia, ambas provenientes do uso de produtos químicos durante o seu trabalho na preparação de próteses.

Alexandre de Jesus Botão Melo

Por Wewman Flávio Andrade Braga

Patrono da Cadeira nº 16 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Wewman Flávio Andrade Braga. Nasceu em Peri-Mirim (MA), em 13 de outubro de 1941, filho de Raimundo Martins Melo e Margarida Botão Melo, iniciou os primeiros estudos no Grupo Escolar Carneiro de Freitas, em sua terra natal e, em seguida, no Colégio Pinheirense, em Pinheiro (MA), onde estudou e ingressou no seminário menor, obtendo as primeiras noções de latim e de outras disciplinas, que influenciaram profundamente sua formação intelectual.

Casou-se com Elenice Bezerra Melo em 30/12/1967, dessa união nasceram três filhos: Flávia Regina Bezerra de Melo, Sérgio Alexandre Bezerra de Melo e Alessandra Bezerra Melo.

Completou os estudos na capital, São Luís, no Colégio Maranhense, atual Marista e no antigo Colégio Estadual do Maranhão, hoje Liceu Maranhense, instituição da qual viria a tornar-se diretor em duas ocasiões, durante o Governo Pedro Neiva de Santana (1971-1974) e o Governo Cafeteira (1987-1990).

Dedicou toda sua vida ao magistério como professor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, ensinando várias gerações de maranhenses, em escolas públicas e privadas como o Colégio Batista, Colégio Marista e o extinto Colégio Meng.

Graduou-se em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em 1977 e, em 1981, foi aprovado em concurso público para ingresso na instituição para ministrar as disciplinas de Literatura Portuguesa e Língua Portuguesa.

Ocupou o cargo de chefe do Departamento de Letras da UFMA, de 1987 a 1989. Foi membro da antiga Comissão Permanente de Vestibular (COPEVE) da Universidade Federal, elaborando e corrigindo provas e redações.

Ocupou cargos nas Secretaria de Estado da Educação, Planejamento e Indústria e Comercio. Especializou-se em Semiologia Aplicada ao Ensino de Língua e Literatura e escreveu as obras “A Oração e seus Termos” e  “Amor: elemento irônico da obra de Proust”. Faleceu em São Luís no 25 de maio de 2017.

Maria José Campos Sodré Ferreira

Por Cleonice de Jesus Martins Santos

Patrona da Cadeira nº 09 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Cleonice de Jesus Martins Santos. Nasceu no 20 de março de 1930, em Peri- Mirim-MA, filha de Sérgio Martins Campos e Eugênia Costa Campos. Era conhecida como Maria Sodré.

Iniciou os estudos em sua a cidade natal, formando-se normalista. Conheceu e apaixonou-se por José Sodré Ferreira, casando-se com este em 21 de setembro de 1951, com quem teve cinco filhos: João Campos Sodré Ferreira (in memorium); José Sodré Ferreira Filho; Antônio Campos Sodré Ferreira (casado com uma irmã de Cleonice, a quem tem como irmão); Alcides Campos Sodré Ferreira e Sheila Campos Sodré Ferreira. Também criou e amou igualmente a seus filhos de criação, Ana Teresa Macedo Ferreira, Pedro Castro Lopes e Cafeteira.

Por ser uma pessoa bastante influente na sociedade perimiriense, teve mais de trezentos afilhados, pois os pais a levavam como madrinha de seus filhos na certeza de que eles estariam seguros e protegidos de quaisquer adversidades.

Em 1955, aos 25 anos, prestou concurso público para tabeliã no Cartório de Ofício Único em seu município, onde permaneceu por 47 anos, ando o cargo ao seu filho José Sodré Ferreira Filho.

Foi uma pessoa comprometida e muito caridosa, ajudando as pessoas carentes com seus serviços gratuitos, registrando certidões e celebrando casamentos indo às comunidades juntamente com o Juiz de Paz, Jorge Maia, utilizando como transporte canoas ou cavalos, já que na época eram os únicos meios de transporte disponíveis.

Tinha como hobby reunir-se nos finais de semanas com amigos para jogar canastra e buraco, sempre acompanhados de café com biscoito ou refresco de frutas da estação, onde sorriam muitos com as piadas e assuntos referentes à sua cidade e seu povo. Também gostava muito de ler romances e bordar toalhas para preencher o tempo e não se sentir sozinha.

Sempre organizada e perfeccionista, com uma caligrafia belíssima e um raciocínio que impressionava a todos. Um exemplo de mãe, esposa e amiga que viveu muito além do seu tempo.

Aos 65 anos, infelizmente, para tristeza de todos que a amam, foi acometida pela doença de Alzheimer.

Faleceu no dia 21 de setembro de 2016, aos 86 anos, deixando com legado um exemplo de sentimentos puros para seja lembrada como alguém que viveu feliz, vencendo desafios, lutas e conflitos sempre de maneira sábia e prudente, partilhando e participando dos eventos sociais, vivendo em comunhão com o próximo.

Raul Pinheiro Mendes

Por Adelaide Pereira Mendes

Patrono da Cadeira nº 36 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP). Raul Pinheiro Mendes nasceu no dia 23 de outubro de 1920, no povoado Brito, pertencente ao município de Bequimão. Filho de Manoel Guido de Sá Mendes e Francisca Paula Pinheiro Mendes. Veio para Macapá, atual Peri-Mirim, aos 10 anos de idade. Estudou na antiga Escola Mística Macapá, atualmente Carneiro de Freitas. Eram 13 irmãos: José de Ribamar, Inês, Raul, Fernando, Maria das Dores, Maroca, Ernesto e Ernestina (gêmeos), Hilda, Izabel (Belinha), Cristóvão (Colicó), Rute e Rui.

ou 2 anos morando no povoado Ponta do Lago, quando resolveu retornar para o seu local de nascimento, anos mais tarde, foi residir novamente no centro da cidade de Macapá, quando resolveu entrar para Política.

Morou no centro da cidade até seu casamento. Casou-se no dia 15/05/1943 com a senhora Constância Pereira Mendes, com quem teve 09 filhos, 06 estão vivos, dos quais a acadêmica Adelaide Pereira Mendes, ocupante da Cadeira nº 11 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP).

Tem sua descendência portuguesa, por meio dos seus bisavôs: Tereza Augusta de Sá Mendes e Antônio Bernardo Gonçalves de Sá Mendes. Raul foi vereador, delegado, trabalhou no IBGE durantes anos. Desistiu da carreira política por conta de ter exemplo de honestidade, desaprovava algumas atitudes que acontecia em sua época de vereador do município.

Amante da cultura, amava as inúmeras toadas de bumba-meu-boi. Em suas conversas sempre contava como era seu anteado, das situações as quais enfrentava, ainda mais como delegado da cidade. Raul Mendes era um católico assíduo, e um grande devoto de São Sebastião, de janeiro a janeiro não perdia uma novena.

Este nobre conterrâneo deixa uma vasta lembrança, exemplo de marido, grande companheiro, pois em todas as cerimônias estava lá, junto de sua magnífica esposa, dona Constância. Raul foi um grande exemplo de pai carinhoso, e muitas, muitas memórias, pois fez parte da história de Peri-Mirim. Faleceu em Peri-Mirim no dia 10/09/2019.

Raul e sua esposa participando de Sarau Cultural da ALCAP

Ignácio de Sá Mendes

Por Itaquê Mendes Câmara

Patrono da Cadeira nº 5 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP). Ignácio de Sá Mendes, nasceu em 16 de setembro de 1868, 4º filho do casal Antônio Jorge Souza Mendes, que veio de Portugal em 10 de agosto de 1841 com 9 anos, e Thereza Augusta de Sá.

Casou-se em 30 de dezembro de 1894 com Maria Botão Mendes, ela com 17 anos e ele com 26 anos e três meses. Veio de mudança para Macapá em 15 de março de 1897.

Ignácio de Sá Mendes e Maria Botão Mendes tiveram os seguintes filhos: Antônio Botão Mendes nascido em 28/10/1895, Raimundo Botão Mendes nascido em 20/05/1897, Marina Botão Mendes nascida em 25/11/1900, Mercedes Botão Mendes nascida em 03/12/1904, Margarida Botão Mendes nascida em 26/02/1907 e Marieta Botão Mendes nascida em 13/12/1909.

Ignácio principiou a negociar em 1888. Em 15 de junho de 1919, Ignácio de Sá Mendes foi eleito prefeito de Macapá e na mesma data  foi instalada a  Câmara Municipal, que empossou o prefeito eleito Ignácio Mendes e o vice-prefeito João Maia.

Ignácio de Sá Mendes Sobrinho, filho de Manoel Gonçalves de Sá Mendes e de Maria Clara Martins Mendes.